
Nome completo: Leda Soares Gama
Nasceu em 07/10/1931 – Recife – PE
Faleceu em 16/02/2000 – Rio de Janeiro – RJ
Nádia Maria tinha três anos de idade quando foi de Pernambuco para o Rio de Janeiro, acompanhando a mudança dos pais. Nessa época era ainda era a Ledinha, a menina que costumava imitar a atriz Rita Hayworth nas aulas da Escola José Bonifácio e da Escola Orsina Fonseca, onde completaria o curso comercial, comum para as adolescentes do final dos anos 40. Mas seu sonho era ser cantora.
Foi com muito custo que seus pais aceitaram que fosse participar do concurso de novos talentos na Rádio Guanabara, embora este não fosse para canto e sim para locução e interpretação.Em meio a quase 600 concorrentes o nome de Nádia Maria [nome que resolveu adotar por considerar Leda “pouco artístico”] foi um dos aprovados juntamente com uma certa Fernanda Montenegro e um certo Francisco Anysio. Era o ano de 1948. Durante dois anos, Nádia Maria pertenceu ao elenco de radioatrizes da PRC-8. Em 1951 foi contratada pela Rádio Tupi, também como radioatriz, tendo estreado na novela O Verdadeiro Amor, de Castro Gonzaga.
Nádia Maria não demorou a se tornar a “bonequinha da Tupi” – por causa da simpatia, do rosto de menina e dos seus 1,60 de altura – fazendo papéis de moça ingênua e apaixonada. E dado ao seu grande recurso vocal conseguia fazer voz de criança também. Aliás, não havia radioatriz que fizesse voz de menino como ela. Por isso, temendo que os ouvintes não acreditassem que era Nádia Maria quem fazia a tal voz, invariavelmente o locutor citava a participação do “garoto João” nos créditos finais do capítulo.
Nas radionovelas era comum Nádia Maria dividir o microfone com Nancy Wanderley, que além de radioatriz já era uma comediante conhecida. E quando Nancy precisou se ausentar do programa Aquela Casa De Família, de Haroldo Barbosa, foi Nádia quem a substituiu. Saiu-se tão bem nesse primeiro papel caricato que nunca mais a deixaram abandonar o humor.
Em 1954 surgiu seu primeiro personagem famoso: a Cozinheira Conceição, criado por Afonso Brandão, irmão do comediante Brandão Filho. O programa ficou três anos em cartaz com muito sucesso no rádio do Rio, em Minas Gerais e Rio Grande do Sul, indo depois para a televisão.
Nádia Maria continuava fazendo radionovela, mas participava de praticamente toda a produção humorística da emissora, contracenando com Hamilton Ferreira, Wellington Botelho e Orlando Drummond. Os programas eram escritos por Castro Barbosa, Haroldo Barbosa, Afonso Brandão e Max Nunes. Os dois últimos, em 1956, criariam Marylinha uma super exótica crooner internacional e Margot Marly, a vedete-atriz que andava para cima e para baixo sempre acompanhada da mãe. Ambas fizeram enorme sucesso no programa Boate do Ali babá e os 40 Garçons, criação de Max Nunes.
Na mesma época, Nádia Maria foi contratada pelo Teatro Follies e iniciava uma carreira de sucesso também no teatro de revista. Em 1959 aconteceu algo raro em humor: Nádia Maria substitui Ema D’Ávila no papel de protagonista em Aí Vem Dona Isaura e o programa permaneceu com o mesmo sucesso anterior. Nádia Maria chegou a ter, simultaneamente, dois programas seus em que pôde mostrar várias facetas: apresentadora, entrevistadora, cantora e, claro, comediante. Detalhe: nos intervalos, ela enveredava pela publicidade, cantando jingles. Na década de 60, além de alternar idas e vindas nas emissoras de tevê, Nádia Maria dedicou-se simultaneamente ao rádio, teatro, boate e teatro de revista, fazendo sucesso em trabalhos como Chez Copacabana e Como Matar um Playboy, Já em cinema, estrelou É a Maior, ao lado de Sônia Mamede, e Virou Bagunça, com a participação de Chacrinha. O que sempre marcou a carreira humorística de Nádia Maria era a sua facilidade em imitar personalidades. Ela foi, sem dúvida, a primeira mulher a fazer sucesso com imitação em rádio e tevê. Imitava Hebe Camargo, Dercy Gonçalves, Inezita Barroso, Maysa, Emilinha Borba, Marlene, Ângela Maria… E também as atrizes Jayne Mansfield, Brigite Bardot, Marlene Dietrich e Marilyn Monroe para não ficar somente no âmbito nacional. Conseguia imitar, inclusive, personalidades masculinas como Carlitos e o deputado Tenório Cavalcanti (enfocado no filme O Homem da Capa Preta).
Porém, nem sempre suas imitações e caricaturas agradavam os homenageados. A vedete Virgínia Lane, no auge da fama, foi à imprensa reclamar da brincadeira. Pior ainda aconteceria com outra vedete: Vanja Orico. Nádia imitara Vanja Orico numa situação em que a vedete participara ao vivo de um programa na tevê e errara todas as cenas.
O pai da vedete, que além de bravo era deputado, foi pessoalmente à emissora tirar satisfações com a humorista.
Curiosamente, foi com base na imitação que Nádia Maria fez seus últimos trabalhos em tevê na Escolinha do Professor Raimundo, da TV Globo com as caricaturas Marta Suplício (para deixar Marta Suplicy morta de raiva), Maria da Recessão Colares (a economista Maria Conceição Tavares) e Célia Caridosa de Melo.
Seu último trabalho artístico foi na peça O Rio Que Sempre Riu, em 1998.
PRINCIPAIS TRABALHOS EM HUMOR NO RÁDIO E NA TELEVISÃO:
Aquela Casa de Família – Rádio Tupi – 1952
Um Dia na Feira – Rádio Tupi – 1952
Rua da Alegria – Rádio Tupi – 1952
Aquela Casa de Família – Rádio Tupi – 1952
A Cozinheira Conceição – Rádio Tupi – 1954
Hotel Da Sucessão – Rádio Tupi – 1955
Marmelândia – RádioTupi – 1955
Uma Pulga Na Camisola – Rádio Tupi – 1955
Boate do Ali Babá e os 40 Garçons – Rádio Tupi – 1956
A Cozinheira Conceição – TV Tupi – 1956
Sequência G3 – Rádio Tupi – 1956
Espetáculos Tonelux – TV Tupi – 1956
Em Casa De Família De Todo O Respeito – Rádio Tupi – !957
Boate do Ali Babá e os 40 Garçons – TV Tupi – 1957
A Cozinheira Conceição – TV Itacolomi – 1957
Boate do Ali Babá – Rádio Mayrink Veiga – 1958
A Cidade Se Diverte – Rádio Mayrink Veiga/Tupi – 1959
A Comédia Da Cidade – Rádio Mayrink Veiga/Tupi – 1959
Gente Que A Gente Encontra – Rádio Mayrink Veiga/Tupi – 1959
Aí Vem Dona Isaura – Rádio Mayrink Veiga/Tupi – 1959
Nádia Maria Conta – TV Tupi – 1959
Nádia Maria Bolsinha de Valores – TV Tupi – 1959
Boate Casas Da Banha – Rádio Mayrink Veiga/Tupi – 1960
Grande Show União – TV Record – 1960
Alarico Malassorte – Rádio Mayrink Veiga/Tupi – 1961
Rua do Ri-Ri-Ri – Rádio Mayrink Veiga/Tupi – 1962
São Paulo Se Diverte – TV Excelsior – 1963
Espetáculos Tonelux – TV Excelsior – 1964
Viva O Vovô Deville – TV Excelsior – 1964
Times Square – TV Excelsior – 1964
Riso Sinal Aberto – TV Globo – 1968
Balança, Mas Não Cai – TV Globo – 1968
Pisulino – TV Tupi – 1970
UAU! – TV Globo – 1971
Chico City – TV Globo – 1973
Apertura – TV Tupi – 1980
Reapertura – TV Tupi – 1980
A Festa É Nossa – TV Globo – 1983
Humor Livre – TV Globo – 1984
Escolinha do Professor Raimundo – 1990