Humor Brasileiro

Fafy Siqueira / Marylin Monroe

Fafy Siqueira mARYLIN moNROE

Seu nome de batismo é Fátima Figueiredo, mas todos a conhecem como Fafy Siqueira. É uma das artistas mais completas: atriz, humorista, comediante, cantora, compositora e diretora. Começou como cantora, mas aos poucos foi dando espaço para a atriz, a compositora, a comediante. Fafy Siqueira – que em 2002 comandou  na TV Cultura o “Alô Alô”, programa solo – é uma das poucas comediantes com talento para imitação. Estão em sua lista de excelentes imitações: Roberto Carlos, Golias, Chacrinha, Alcione e Xuxa.  

Fafy Siqueira imitando Roberto Carlos, Golias e Chacrinha

Fafy Siqueira imitando Roberto Carlos, Golias e Chacrinha

Além de sucesso em teatro e em novelas, Fafy Siqueira sempre se destacou em programas de humor. Dona Jupira  (A Praça é Nossa / Escolinha do Prof. Raimundo / Zorra Total), uma portuguesa extremamente brava, e que costuma levar as frases ao pé da letra, é um de seus principais personagens. Outros são a cantora brega Gardêniia Alves; o eterno calouro Diamantino; Dona Zulmira, dona de uma banca de jornal, que costuma confundir-se com artistas… Clique no player e assista Fafy Siqueira como Dona Jupira, travestida de Marylin Monroe, contracenando com Carlos Alberto de Nóbrega, durante o 2º aniversário de A Praça é Nossa, em 1989.  

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O mendigo de Jorge Loredo

Jorge Loredo e Manoel de Nóbrega na Praça

Em 1959 “Praça da Alegria”, comandada por Manoel de Nóbrega, já era sucesso na TV Paulista – Canal 5. No mesmo ano, Nóbrega a o elenco de Praça da Alegria foram contratados para apresentar o mesmo programa na TV Rio – Canal 13.

Revista do Rádio 1959

Revista do Rádio 1959

Entretanto, um dos comediantes não pôde (ou não quis) acompanhar o elenco. Era Borges de Barros, que interpretava um mendigo com ares e papos de megalomania. Seu personagem sempre saudava Nóbrega de forma polida: “como vai, meu caro colega?” 

Manoel de Nóbrega e Borges de Barros

Manoel de Nóbrega e Borges de Barros

Como o personagem era importante para o programa, seria preciso encontrar outro comediante que pudesse interpretá-lo.  Nóbrega soube, então, de um comediante descoberto por Chico Anysio, chamado Jorge Loredo. O magricela Loredo iniciava a caminhada com o personagem Zé Bonitinho. Loredo foi apresentado a Nóbrega, que – com seu olho clínico – logo percebeu que ali estava o comediante de quem precisava. Convite feito; convite aceito. Loredo, no entanto, fez um pedido: gostaria de compor o personagem de forma levemente distinta do que Borges compusera em São Paulo. Nóbrega aceitou com a condição de que não se alterasse a essência do personagem. Assim Jorge Loredo compôs um mendigo estiloso, que usava monóculo, polainas rasgadas, e pronunciava algumas palavras ora em inglês, ora em francês. Iniciava seu diálogo com Nóbrega chamando-o de “Nobre Amigo”.

Manoel de Nóbrega e Jorge Loredo - 1959

Manoel de Nóbrega e Jorge Loredo – 1959

 O sucesso de Jorge Loredo em Praça da Alegria, no Rio, foi imediato e tão grande que fez com que outros programas convidassem o personagem para participações especiais. Isso não só atraía público, mas também importantes convidados. Um exemplo está na presença do colunista social Ibrahim Sued e das irmãs Márcia e Maria Stella, filhas do presidente Juscelino Kubitscheck (padrinho de casamento de Jorge Loredo) na participação de um esquete com o famoso mendigo.

Jorge Loredo, Márcia Kubitscheck,  Ibrahim Sued e Maria Stella Kubitscheck.

Jorge Loredo, Márcia Kubitscheck, Ibrahim Sued e Maria Stella Kubitscheck.

Numa entrevista à Revista do Rádio, em 1960, Jorge Loredo chegou a relatar  como se inspirara para criar o personagem do Nobre Amigo.

Revista do Rádio - 1960

Revista do Rádio – 1960

Dessa forma, a “Praça da Alegria” ficou com dois mendigos: Borges, em São Paulo, e Loredo, no Rio. Depois da morte de Manoel de Nóbrega, quando em 1977 a TV Globo resolveu reeditar o programa numa espécie de homenagem póstuma, foi Jorge Loredo o convidado a interpretar o célebre mendigo.

1977 - TV Globo - Loredo é o 5ºem pé da dir p/ esq

1977 – TV Globo – Loredo é o 5º em pé da direita para esquerda

Luís Carlos Miele e Jorge Loredo - Praça da Alegria - TV Globo - 1977

Luís Carlos Miele e Jorge Loredo – Praça da Alegria – TV Globo – 1977

Clique no player e reveja o Mendigo criado por Jorge Loredo, contracenando com Vianna Jr.  dentro do programa Show Riso, do SBT, em 1982.

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Osvaldo Molles

Osvaldo Moles 1963 autografando seu livroNome completo: Osvaldo Molles
Nascimento 14/03/1913 – Santos – SP
Falecimento 14/05/1967 – São Paulo – SP

Com apenas 15 anos Osvaldo Molles percebeu que poderia ganhar a vida escrevendo. E foi em jornal que ele decidiu inciar sua caminhada na vida escritor. Primeiro passou pelo Diário Nacional, como repórter, e depois pelo São Paulo -Jornal,  como cronista. Ao mesmo tempo em que trabalhava, estudava idiomas e Quínica. Completada a maioridade foi trabalhar em Salvador e um ano depois já era secretário do jornal “Estado da Bahia”, que foi obrigado a deixar ao participar de um congresso conhecido como Congresso dos Homens Sem Deus.
De volta a São Paulo, trabalhou como redator no Correio Paulistano até que em 1937 iniciou sua carreira radiofônica na PRG-2, Rádio Tupi de São Paulo. Na Tupi, Osvaldo Molles começou como locutor, passando logo em seguida para redator de comerciais. Sua primeira produção radiofônica foi um programa de carnaval no qual, além de escrever e produzir, ele também cantava. Em 1940 Molles começou a escrever para a revista Bom Humor juntamente com Walter Foster, Pagano Sobrinho e Zé Fidelis (os dois últimos seriam, mais tarde, seus companheiros de emissora). A especialidade de Molles era fazer graça a partir de fatos reais. Em seu livro “Dá Licença de Contar”, Ayrton Mugnaini Jr. relata um texto que foi publicado em 1946:
“E na noite em que Lady Godiva atravessou, esplendorosamente nua, em seu cavalo branco, na cidade de Coventry todos fecharam as suas portas… mas as lojas de ferragens esgotaram seus estoques de puas e verrumas”.
Da Rádio Tupi Osvaldo Molles transferiu-se para a PRB-9, Rádio Record. Foi nessa emissora que ele iniciou a criação de uma infindável série de programas, em sua maioria,  humorísticos.

Folha da Noite - 1941

Folha da Noite – 1941

E não tardou a surgir seu primeiro grande sucesso: A Casa da Sogra, que ficou por cinco anos no ar.

Folha da Manhã - 1941

Folha da Manhã – 1941

Nos anos seguintes, outros sucessos de público foram emplacados.

Folha da Noite - 1947

Folha da Noite – 1947

Folha da Noite - 1948

Folha da Noite – 1948

Mostrando criatividade eclética, Molles também começava a se notabilizar pela criação de programas dramáticos. E sempre com total sucesso.

Revista do Rádio - 1949

Revista do Rádio – 1949

Revista do Rádio - 1950

Revista do Rádio – 1950

Revista do Rádio - 1950

Revista do Rádio – 1950

Nessa época, Osvaldo Molles já era considerado um dos maiores nomes do rádio paulista.

Osvaldo Molles - 1950

Osvaldo Molles – 1950

Em 1951 Osvaldo Molles vai para a PRH-9, Rádio Bandeirantes. Durante os quatro anos que ali permaneceu, criou, escreveu e produziu um série diversificada de programas.

Revista do Rádio - 1951

Revista do Rádio – 1951

Revista do Rádio - 1951

Revista do Rádio – 1951

Cinelândia - 1952

Cinelândia – 1952

Revista do Rádio - 1952

Revista do Rádio – 1952

Sua intensa produção o levou a todos os prêmios do radialismo, sobretudo o Troféu Roquette Pinto, uma espécie de Oscar do rádio e televisão.

Revista do Rádio - 1954

Revista do Rádio – 1954

 A criação de Molles incluía programas musicais, variedades e debates. 

Revista do Rádio 1954

Revista do Rádio 1954

Revista do Rádio 1954

Revista do Rádio 1954

Chegando ao seu ponto máximo num programa exclusivamente dedicado à literatura brasileira. 

Revista do Rádio 1954

Revista do Rádio 1954

Mas sem nunca abandonar o humor; muitas vezes utilizando-se do trocadilho, como a brincadeira com o nome do jornal O Estado de São Paulo, traduzido para o Estalo de São Paulo.

Revista do Rádio 1955

Revista do Rádio 1955

. Seus trabalhos movimentavam todo o cast da emissora em que estivesse trabalhando.

Molles e elenco da Rádio Bandeirantes

Molles e elenco da Rádio Bandeirantes

E movimentava também os companheiros de escrita. 

Osvaldo Molles e Irvando Luiz

Osvaldo Molles e Irvando Luiz

Em meados de 1955 ele retornava à Rádio Record em grande estilo. 

Revista do Rádio 1955

Revista do Rádio 1955

Revista do Rádio 1955

Revista do Rádio 1955

Revista do Rádio 1956

Revista do Rádio 1956

Revista do Rádio 1956

Revista do Rádio 1956

Sua produção ia além dos microfones da PRB-9, alcançando também as câmeras da TV Record. 

Revista do Rádio 1956

Revista do Rádio 1956

Revista do Rádio 1956

Revista do Rádio 1956

Foi ainda em 1956 que Molles criou para o rádio um programa que cujos personagens iriam cair na graça do público. 

Revista do Rádio 1956

Revista do Rádio 1956

Bangalôs e Malocas trazia Zé Conversa (Adoniran Barbosa) e Catarina (Maria Amélia) como personagens principais. 

Imagem captada do livro "Dá licença de contar", de Ayrton Mugnaini Jr.

Imagem captada do livro “Dá licença de contar”, de Ayrton Mugnaini Jr.

Bangalôs e Malocas teria seu título alterado para História das Malocas, que tornou-se um dos principais programas criados por Molles. Charutinho (Adoniran Barbosa), Pafunça (Maria Amélia) e Terezoca (Maria Tereza) rapidamente tornaram-se ídolos do rádio paulista. 

Revista do Rádio 1957

Revista do Rádio 1957

Adoniran (Charutinho) e Maria Amélia (Pafunça) 1957

Adoniran (Charutinho) e Maria Amélia (Pafunça) 1957

Maria Tereza (Terezoca) 1957

Maria Tereza (Terezoca) 1957

E sua produção não para tanto em rádio quanto em TV.

Revista do Rádio 1957

Revista do Rádio 1957

Revista do Rádio 1957

Revista do Rádio 1957

Revista do Rádio 1957

Revista do Rádio 1957

Folha da Manhã 1957

Folha da Manhã 1957

O programa Dicionário de Gírias foi tão bem aceito pelo público e pelos patrocinadores que lhe valeu um troféu extra.

Revista do Rádio 1957

Revista do Rádio 1957

 Falando em troféu, em 1958, Osvaldo Molles chegava ao 9º Troféu Roquette Pinto consecutivo. 

Revista do Rádio 1959

Revista do Rádio 1959

Molles, Thalma de Oliveira e Walter Jr. na entrega do Roquette Pinto

Molles, Thalma de Oliveira e Walter Jr. na entrega do Roquette Pinto 1958

Os anos 60 não tiraram de Osvaldo Molles a paixão por criar programas e personagens.

Revista do Rádio 1960

Revista do Rádio 1960

Osvaldo Moles 1962

Revista do Rádio 1961

Revista do Rádio 1961

Revista do Rádio 1961

Revista do Rádio 1965

Revista do Rádio 1965

Os seguidos sucessos de Molles no rádio e na tv evidenciavam a sua parceria com Adoniran Barbosa. Ele foi o que melhor soube escrever textos humorísticos para Adoniran Barbosa.

Osval Molles e Adoniran Barbosa

Osval Molles e Adoniran Barbosa

Tanto é verdade que dessa parceria resultaram composições musicais , tais como “Ai, Guiomar”, “O casamento do Moacir”, “Pafunça”, “Sai água da minha boca”, “Segura o apito”… Segura o apito 3
E a antológica “Tiro ao Árvaro”. tiro ao árvaroEm 1959, Osvaldo Molles (que não tinha carro) foi contemplado com um Renault Dauphine num sorteio ocorrido na entrega do Troféu Roquette Pinto (em sua carreira, foram 11 troféus recebidos) . Ele levou muito tempo para sair com o carro, pois não estava acostumado a dirigir. Quando passou a fazê-lo, pedia a quem estivesse ao seu lado para que não falasse durante o trajeto para não distraí-lo. Um dia, deu carona a um colega e fez o tal pedido. NO meio do caminho o colega perguntou::
— Molles, por que você não gosta que o passageiro fale enquanto você dirige?
E Molles, que embora fosse criador de humor era um cara muito sério, mandou essa:
— Mania. No carro que antes eu dirigia nenhum passageiro falava comigo.
— Que carro era?
— Carro funerário.
Infelizmente, o suicídio em 1967 viria a pôr um fim na história daquele que, possivelmente, melhor tenha compreendido o rádio e o ouvinte paulistano.
Clique no player e ouça um trecho do famoso programa “História das Malocas” com Adoniran Barbosa e Maria Tereza interpretando o texto de Osvaldo Molles.

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Santelmo, o primeiro corno

Santelmo - 1961 - Noites Cariocas

Santelmo – 1961 – Noites Cariocas

Em 1960, o programa “Noites Cariocas” era sucesso absoluto na TV Rio e, simultaneamente, na TV Record. Um dos pontos altos do programa era a participação do personagem Santelmo, criado por Chico Anysio. Santelmo dos Anjos (Chico Anysio sempre dava nome e sobrenome aos seus personagens, embora nem sempre o sobrenome fosse conhecido do público)  era um dedicado e inocente marido, que jamais percebia as traições de sua esposa, a Dadivosa. O personagem possuía características marcantes. Uma delas era a voz fraquinha e fina, que acompanhava um sorriso bobinho. Outra característica era o pirulito do qual sempre se deliciava durante os esquetes. O personagem também tinha um bordão que se tornou famoso: Ignoro!
Depois de Noites Cariocas, o personagem acompanhou Chico Anysio ao “Chico Anysio Show” tanto na TV Rio como posteriormente na TV Excelsior. A força do personagem pode ser conferida no interessante “telegrama” postado em página de edição do Jornal do Brasil de 1964 numa convocação de Santelmo por Chico Anysio, que anunciava sua volta à TV RIO. 1964 Santelmo telegrama

Ouça um esquete de Santelmo (com a participação da atriz Zélia Guimarães) gravado em 1962, no programa Chico Anysio Show, na TV Rio.  

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O deputado baiano

02 1954 Mário Tupinambá

Em 1956, o comediante baiano Mário Tupinambá criou um personagem baiano recém chegado ao Rio. Dois anos depois Max Nunes criou o Deputado Baiano para o programa Boate do Ali Babá, personagem que lhe deu prestígio nacional. O personagem do Deputado Baiano foi, sem dúvida, o mais famoso e o que mais inimigos criou para Mário Tupinambá. Sobretudo alguns políticos baianos, que não gostavam muito da brincadeira. Um deles, Aliomar Baleeiro, chegou a culpar Tupinambá pela sua não reeleição em 1958 a deputado federal, tendo ficado na suplência (Aliomar Baleeiro foi Ministro do STF no governo Castelo Branco). E o então suplente ficou ainda mais p* da vida quando, para provocar, Tupinambá resolveu falar em cena que o convocaria para ser Ministro do Coco. Mário Tupinambá e o Deputado Baiano pareciam ser uma só pessoa. Seja nos momentos felizes.

Revista do Rádio 1959

Revista do Rádio 1959

Como nos momentos tristes. 

Revista do Rádio 1964

Revista do Rádio 1964

Em 1959, no filme “Titio Não é Sopa”, com Procópio Ferreira, Mário Tupinambá faz uma participação especial com o personagem Deputado Baiano no musical “Baiano Burro Nasce Morto”, cantado pelo também baiano Gordurinha (Waldeck Artur de Macedo). Clique no player e assista à cena.

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