Humor Brasileiro

Audácia do bofe

COSTINHA

COSTINHA

Lírio Mário da Costa (1923-1995), o Costinha, nasceu no bairro de Vila Isabel, no Rio de Janeiro, terra de Noel Rosa e Martinho da Vila. Flamenguista fanático, viu-se desde pequeno participando de esquetes de circo acompanhando seu pai, que era conhecido como Palhaço Bocó. Ainda com o nome de Mário Costa, começou a trabalhar em rádio, em meados dos anos 40, como contrarregra da Rádio Tamoio.

Costinha quando ainda era conhecido por Mário Costa

1952  Costinha era só Mário Costa

Por ser muito alegre e viver contando piadas o dia todo, recebeu uma oportunidade de demonstrar seu talento num programam chamado Vesperal das Moças. Não demorou muito para que fosse convidado pela Rádio Mayrink Veiga para participar de seus programas humorísticos. Ele não pensou duas vezes e logo estava participando de programas como Recruta 23, Riso das Ruas e Cadeira de Barbeiro, sempre usando o nome Mário Costa.

Maria Vidal e Costinha

Maria Vidal e Mário Costa – 1952

Costinha em 1952

Como Mário Costa em 1952

Atuava como radio-ator e também como sonoplasta.

Mário Costa sonoplasta 1952

Mário Costa sonoplasta 1952

Assumiu o nome artístico Costinha em 1953 por sugestão da vedete Siwa – e esposa do comediante Vagareza – quando ela o contratou para um espetáculo de sua companhia teatral chamado Uma Pulga Na Camisola.

Folha da Manhã 10/04/1953

Folha da Manhã 10/04/1953

Costinha tornou-se famoso no teatro de revista e isso fez com que a TV Rio o contratasse para seu elenco de comediantes. Feira Mais ou Menos Livre e Botando Banca foram os dois primeiros programas de Costinha em televisão. Mas a consagração viria em Noites Cariocas e A Cidade Se Diverte. Sabendo usar como poucos a expressão facial e corporal, Costinha tornou-se rapidamente um dos comediantes mais queridos da televisão. Foi num desses programas que, certo dia, o microfone “vazou” na frente do vídeo em num programa ao vivo. Costinha não perdeu a oportunidade e mandou um “miau” e todo mundo riu. Esse “miau” o acompanhou durante toda a carreira televisiva sempre antecedida por um pedido para que o “boom man” (o operador do microfone) baixasse o microfone para que este pudesse entrar em cena. Costinha, ao lado de Dercy Gonçalves, talvez tenha sido o comediante a receber o maior número de suspensões dos programas humorísticos por causa de suas piadas consideradas pornográficas. Certa vez, ainda no tempo do programa ao vivo, Costinha estava na TV Excelsior do Rio, fazendo ao vivo seu programam “De frente com Costinha”. Nos bastidores estava o pastor alemão chamado Radar, que iria gravar o último capítulo da novela Vidas Cruzadas. No meio do esquete Costinha, fazendo uma bichinha, disse: “ Nossa, ali tem um gato!” No mesmo momento, por coincidência, o Radar começou a latir. Costinha 1aproveitou a deixa para meter um caco e dizer: “Ainda bem que eu falei em gato. Se eu falasse em veado, acho que essa fera ia acabar me matando!” Foi uma gargalhada geral. E dias depois mais uma suspensão de 30 dias pela censura. A TV Excelsior, do Rio de Janeiro,  foi uma das que mais sofreu com suas ausências uma vez que o Comitê de Censura do Estado Da Guanabara não lhe dava tréguas.

Costinha em 1962

Costinha em 1962

Segundo o próprio Costinha, foi ele o causador de os programas humorísticos deixarem de ser exibidos ao vivo e passarem a ser gravados previamente. Era o modo que a censura havia encontrado para “tesourar” aquilo que achasse excessivamente pornográfico para ir ao ar. Em 1965, Costinha – imitando uma bicha, como sempre – resolver botar um “caco” em cena. Ao ser confrontado por um homem disse: “audácia do bofe!”, termo que se tornou bordão popular durante bom tempo. Mas o bordão trouxe-lhe nova suspensão. O fato ocorreu porque Costinha, dentro do personagem, resolveu dizer que seu relógio era da marca Roscofe. Quando o sujeito pedia para ver as horas, Costinha dizia: “Quer ver o meu Roscofe? Audácia do bofe!”

Costinha era um "anjinho"

Costinha, um “anjo”

[O termo roscofe significa relógio vagabundo. Sua origem vem de  uma antiga marca de relógio suíço, homenagem ao relojoeiro suíço G. R. Roskopf. Entretanto, roscofe tem outro significado, muito utilizado no Nordeste: cu] Sem perder tempo, Costinha, apesar da suspensão, gravou a marchinha “Audácia do Bofe” para o carnaval de 1966. Clique no player e ouça Costinha cantando a marchinha Audácia do Bofe.

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Mauro Maurício, o homem do “R” fatal

Mauro Maurício

O comediante pernambucano Carlos Leite (1939-1991) trabalhou em teatro, cinema e televisão. Participou de vários programas na TV Globo (Balança, Satiricom, Faça Humor Não Faça Guerra, Planeta dos Homens) m , tendo feito muito sucesso com o personagem Beleza, criado por Chico Anysio para o programa Chico City.

Carlos Leite, o Beleza de Chico City

Carlos Leite, o Beleza de Chico City

Em 1989 foi contratado para A Praça é Nossa onde começou com o personagem do Metaleiro.

Carlos Leite, o Metaleiro de A Praça é Nossa

Carlos Leite, o Metaleiro de A Praça é Nossa

 Em 1990 estourou com o personagem Mauro Maurício, uma criação em parceria dele comigo. 

Mauro Maurício e seu empresário Oliveira (José Miziara)

O empresário Oliveira (José Miziara) e o “astro” Mauro Maurício (Carlos Leite)

Mauro Maurício era um personagem com figurino e topete ao estilo Elvis Presley, que tinha uma característica peculiar na fala: em toda letra R ele dava um soquinho.
Mauro Maurício achava-se o máximo como ator, locutor, apresentador, etc. Ele tinha em seu empresário Oliveira (interpretado por José Miziara) que, além de ser o seu maior fã, era quem tentava “vender” Mauro Maurício para o meio artístico.
Este personagem foi criado por nós durante uma viagem do show da Praça. Carlos Leite começou a falar a palavra Arariboia dando soquinho nos erres. Todo mundo riu. Sugeri que ele cantasse o trecho de Romaria de Renato Teixeira: “sou caipira pirapora nossa, senhora de aparecida…” Ele cantou e foi uma gargalhada geral. Comecei, então, a incentivar a criação de um personagem. Nome? Mauro Maurício, disse ele. Onde nasceu? Araraquara, disse eu. Prato predileto? Pirarucu com farofa. Quando voltamos da viagem eu já tinha a estrutura do personagem. Criei o apoio, o empresário Oliveira (interpretado por José Miziara), que era para preservar Carlos Leite e ele poder dar as falas com as palavras que continham R. Há que se lembrar que estamos falando de 1990. Não havia internet para pesquisar. Era pegar o dicionário e folhear, folhear, folhear e ir catando palavras com R intermediário. Palavras como piroga, arara, pururuca, sururu, bororó, ariranha, etc. Depois de colhidas as palavra é que eu criava o contexto do esquete.
Carlos Leite era um comediante sensacional, engraçadíssimo, mas extremamente inseguro. Ceta vez, durante a gravação (com plateia, não era claque) ele disse ao diretor que iria entrar cantando uma música de improviso. O diretor aceitou. O personagem estava no auge. Carlos Leite entrou. Aplausos gerais. Ele vem cantando e, de repente, para. Trava. Olha para o público e diz: “Desculpem Errei o improviso”. Falou sério porque era isso mesmo que estava sentindo. O público, explodiu em gargalhada e começou a aplaudir em cena aberta pensando que fosse piada. Mas não era. Carlos Leite foi o único comediante da história do humor brasileiro a errar um improviso. Em 1990, no programa  A Praça é Nossa, Mauro Maurício – através de seu empresário Oliveira – tentava convencer o cantor e apresentador Ronnie Von a fazer uma parceria artística. Clique no player e assista Mauro Maurício, em A Praça é Nossa de 1990,  infernizando o cantor e apresentador Ronnie Von.

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