Nome completo: Osvaldo Molles
Nascimento 14/03/1913 – Santos – SP
Falecimento 14/05/1967 – São Paulo – SP
Com apenas 15 anos Osvaldo Molles percebeu que poderia ganhar a vida escrevendo. E foi em jornal que ele decidiu inciar sua caminhada na vida escritor. Primeiro passou pelo Diário Nacional, como repórter, e depois pelo São Paulo -Jornal, como cronista. Ao mesmo tempo em que trabalhava, estudava idiomas e Quínica. Completada a maioridade foi trabalhar em Salvador e um ano depois já era secretário do jornal “Estado da Bahia”, que foi obrigado a deixar ao participar de um congresso conhecido como Congresso dos Homens Sem Deus.
De volta a São Paulo, trabalhou como redator no Correio Paulistano até que em 1937 iniciou sua carreira radiofônica na PRG-2, Rádio Tupi de São Paulo. Na Tupi, Osvaldo Molles começou como locutor, passando logo em seguida para redator de comerciais. Sua primeira produção radiofônica foi um programa de carnaval no qual, além de escrever e produzir, ele também cantava. Em 1940 Molles começou a escrever para a revista Bom Humor juntamente com Walter Foster, Pagano Sobrinho e Zé Fidelis (os dois últimos seriam, mais tarde, seus companheiros de emissora). A especialidade de Molles era fazer graça a partir de fatos reais. Em seu livro “Dá Licença de Contar”, Ayrton Mugnaini Jr. relata um texto que foi publicado em 1946:
“E na noite em que Lady Godiva atravessou, esplendorosamente nua, em seu cavalo branco, na cidade de Coventry todos fecharam as suas portas… mas as lojas de ferragens esgotaram seus estoques de puas e verrumas”.
Da Rádio Tupi Osvaldo Molles transferiu-se para a PRB-9, Rádio Record. Foi nessa emissora que ele iniciou a criação de uma infindável série de programas, em sua maioria, humorísticos.
E não tardou a surgir seu primeiro grande sucesso: A Casa da Sogra, que ficou por cinco anos no ar.
Nos anos seguintes, outros sucessos de público foram emplacados.
Mostrando criatividade eclética, Molles também começava a se notabilizar pela criação de programas dramáticos. E sempre com total sucesso.
Nessa época, Osvaldo Molles já era considerado um dos maiores nomes do rádio paulista.
Em 1951 Osvaldo Molles vai para a PRH-9, Rádio Bandeirantes. Durante os quatro anos que ali permaneceu, criou, escreveu e produziu um série diversificada de programas.
Sua intensa produção o levou a todos os prêmios do radialismo, sobretudo o Troféu Roquette Pinto, uma espécie de Oscar do rádio e televisão.
A criação de Molles incluía programas musicais, variedades e debates.
Chegando ao seu ponto máximo num programa exclusivamente dedicado à literatura brasileira.
Mas sem nunca abandonar o humor; muitas vezes utilizando-se do trocadilho, como a brincadeira com o nome do jornal O Estado de São Paulo, traduzido para o Estalo de São Paulo.
. Seus trabalhos movimentavam todo o cast da emissora em que estivesse trabalhando.
E movimentava também os companheiros de escrita.
Em meados de 1955 ele retornava à Rádio Record em grande estilo.
Sua produção ia além dos microfones da PRB-9, alcançando também as câmeras da TV Record.
Foi ainda em 1956 que Molles criou para o rádio um programa que cujos personagens iriam cair na graça do público.
Bangalôs e Malocas trazia Zé Conversa (Adoniran Barbosa) e Catarina (Maria Amélia) como personagens principais.
Bangalôs e Malocas teria seu título alterado para História das Malocas, que tornou-se um dos principais programas criados por Molles. Charutinho (Adoniran Barbosa), Pafunça (Maria Amélia) e Terezoca (Maria Tereza) rapidamente tornaram-se ídolos do rádio paulista.
E sua produção não para tanto em rádio quanto em TV.
O programa Dicionário de Gírias foi tão bem aceito pelo público e pelos patrocinadores que lhe valeu um troféu extra.
Falando em troféu, em 1958, Osvaldo Molles chegava ao 9º Troféu Roquette Pinto consecutivo.
Os anos 60 não tiraram de Osvaldo Molles a paixão por criar programas e personagens.
Os seguidos sucessos de Molles no rádio e na tv evidenciavam a sua parceria com Adoniran Barbosa. Ele foi o que melhor soube escrever textos humorísticos para Adoniran Barbosa.
Tanto é verdade que dessa parceria resultaram composições musicais , tais como “Ai, Guiomar”, “O casamento do Moacir”, “Pafunça”, “Sai água da minha boca”, “Segura o apito”…
E a antológica “Tiro ao Árvaro”. Em 1959, Osvaldo Molles (que não tinha carro) foi contemplado com um Renault Dauphine num sorteio ocorrido na entrega do Troféu Roquette Pinto (em sua carreira, foram 11 troféus recebidos) . Ele levou muito tempo para sair com o carro, pois não estava acostumado a dirigir. Quando passou a fazê-lo, pedia a quem estivesse ao seu lado para que não falasse durante o trajeto para não distraí-lo. Um dia, deu carona a um colega e fez o tal pedido. NO meio do caminho o colega perguntou::
— Molles, por que você não gosta que o passageiro fale enquanto você dirige?
E Molles, que embora fosse criador de humor era um cara muito sério, mandou essa:
— Mania. No carro que antes eu dirigia nenhum passageiro falava comigo.
— Que carro era?
— Carro funerário.
Infelizmente, o suicídio em 1967 viria a pôr um fim na história daquele que, possivelmente, melhor tenha compreendido o rádio e o ouvinte paulistano.
Clique no player e ouça um trecho do famoso programa “História das Malocas” com Adoniran Barbosa e Maria Tereza interpretando o texto de Osvaldo Molles.