Em 1956, o comediante baiano Mário Tupinambá criou um personagem baiano recém chegado ao Rio. Dois anos depois Max Nunes criou o Deputado Baiano para o programa Boate do Ali Babá, personagem que lhe deu prestígio nacional. O personagem do Deputado Baiano foi, sem dúvida, o mais famoso e o que mais inimigos criou para Mário Tupinambá. Sobretudo alguns políticos baianos, que não gostavam muito da brincadeira. Um deles, Aliomar Baleeiro, chegou a culpar Tupinambá pela sua não reeleição em 1958 a deputado federal, tendo ficado na suplência (Aliomar Baleeiro foi Ministro do STF no governo Castelo Branco). E o então suplente ficou ainda mais p* da vida quando, para provocar, Tupinambá resolveu falar em cena que o convocaria para ser Ministro do Coco. Mário Tupinambá e o Deputado Baiano pareciam ser uma só pessoa. Seja nos momentos felizes.
Revista do Rádio 1959
Como nos momentos tristes.
Revista do Rádio 1964
Em 1959, no filme “Titio Não é Sopa”, com Procópio Ferreira, Mário Tupinambá faz uma participação especial com o personagem Deputado Baiano no musical “Baiano Burro Nasce Morto”, cantado pelo também baiano Gordurinha (Waldeck Artur de Macedo). Clique no player e assista à cena.
Peladinho Edifício Balança, Mas Não Cai Rádio Nacional-RJ de 1952 a 1961
Peladinho foi um personagem criado por Max Nunes – interpretado por Germano (João Dias Lopes), que também fez sucesso com Burraldo – para o programa “Edifício Balança, Mas Não Cai”. Peladinho, um dos moradores do edifício, era um torcedor apaixonado pelo Flamengo, cujo jogador Esquerdinha era sua maior vítima de críticas.
Última Hora 1951
Estreou em meados de 1951 e logo caiu nas graças do público. Foi Peladinho quem pela primeira vez usou o termo MENGO para o Flamengo. Seu bordão “Mengo, tu é o maió” tornou-se um dos mais famosos do programa.
Revista do Rádio 1952
Última Hora 1952
O personagem Peladinho passou a fazer parte não apenas do programa humorístico, mas também do noticiário esportivo.
Diário da Noite 1952
Embora fosse considerado flamenguista, Germano confessou, certa vez, ser torcedor do América do Rio, mas o Peladinho o fez mudar de clube.
Diário da Noite 1954
Até a vida pessoal de Germano misturou-se à vida de Peladinho. É só ver a manchete abaixo dando conta da sua separação.
Diário da Noite 1951
Peladinho demorou dois longos anos até poder comemorar o primeiro título com o seu querido Mengo.
Revista do Rádio 1954
Revista do Rádio 1954
Mas nem sempre a paixão de Peladinho pelo Flamengo foi um mar de rosas.
A Noite 1952
Relembre (ou, então, conheça) o Peladinho, na voz de Germano, durante o programa “Edifício Balança, Mas Não Cai”, de 1952, pela Rádio Nacional do Rio de Janeiro. Clique no player e ouça.
Papai Sabe Nada TV Record – De Jul/1963 a Mar/1966
Em 1960 estreava no Brasil uma série americana que logo tornou-se um grande sucesso: Papai Sabe Tudo.
Revista do Rádio 1960
Em 1963, na TV Record, Renato Côrte Real (1924-1982) lançava um programa juntamente com sua esposa Bisu (Tereza Ferreira Côrte Real) e seus dois filhos: Ju Côrte Real (1949-2012) e Ricardo Côrte Real. O programa, que era uma paródia do sucesso de Papai Sabe Tudo, chamou-se Papai Sabe Nada.
Revista do Rádio Jul/1963
No programa, Renato era Máximo Jacarandá, dono da fábrica de chupetas Polegar; Bisu era Biloca, a esposa. Ricardo Côrte Real era Confúcio, o filho mais novo, e Ju Côrte Real era Friederreich, o filho mais velho. Participavam do elenco Adoniran Barbosa (como o Archibaldo Porpeta, o ascensorista da fábrica) e Durval de Souza (como Gerubal, do deptº pessoal).
Revista Intervalo 1964
O sucesso da paródia foi imediato tanto em São Paulo, pela TV Record, como no Rio de de Janeiro, pela TV Rio.
Revista do Rádio 1964
Renato era um homem de muito bom humor e sempre arrumava uma saída diante de qualquer situação. No ano de 1963, quando chegou para gravar mais um episódio de Papai Sabe Nada, ele foi surpreendido com a notícia de que a atriz que fazia a empregada simplesmente havia mandado dizer que não mais faira o programa. Renato não estressou. Olhou para a claque e ali viu uma mulher que, segundo ele, tinha uma expressão muito engraçada. Foi até ela e perguntou: “Topa ser a empregada do Papai Sabe Nada?” A mulher topou e partir daquele dia mesmo, por três anos, ela foi a empregada do programa com falas e tudo.
Revista Intervalo 1965
Infelizmente não há registros do programa que marcou época na televisão brasileira.
Ju, Bisu, Ricardo e Renato
Mas é possível matar a saudade de Renato Côrte Real e Bisu no programa “Faça Humor, Não Faça Guerra”, de 1972, na TV Globo. São dois momentos: o primeiro trata de um quadro que casal fazia: um prisioneiro chamado Leopoldo, que sempre recebia a visita de Biloca, a esposa, e lhe contava uma ideia para fugir da cadeia. Só que Biloca, inocente de tudo, acabava contando o plano para Nelson, o guarda da cadeia. Invariavelmente, Leopoldo terminava o quadro querendo pegar Biloca, mas era contido por Nelson. E Leopoldo sempre dizia: “Nérso, me deixa matar a Biloca só um pouquinho”. Já o segundo momento é uma rápida piada com o casal. Clique no player para assistir.
Dona Farmaca foi um personagem interpretado pela comediante Maria Tereza (Zé Galinha, A fofoqueira de A Praça é Nossa, Mãe Mundinha, etc.) nos anos 60. Dona Farmaca tinha como característica a hipocondria: tinha verdadeira prazer em falar sobre remédios e doenças. Em 1991, no programa Maria Tereza Especial, exibido pelo SBT, Dona Farmaca era a recepcionista de um hospital que atendia o ator Daniel Dantas. Clique no player e assista.
Tancredo e Trancado Rádio Nacional do Rio e Janeiro – PRE-8 de 1946 a 1964
Em 1946, Giuseppe Ghiaroni (Giuseppe Artidoro Ghiaroni / 1919–2008) era poeta e criador de programas dramáticos. Mas, pela sua criatividade, não causou espanto quando criou para a Rádio Nacional do Rio de Janeiro um programa cômico para ir ao ar nas noites de domingos.
Giuseppe Ghiaroni
Tancredo e Trancado contava as aventuras dos dois amigos ao melhor estilo O Gordo e o Magro. Tancredo era metido a malandro; Trancado, inteligência quase zero.
A Noite – 10/08/1946
Tancredo vivia à custa de Xandoca, a esposa. Inicialmente o elenco era formado por Brandão Filho (Moacir Augusto Soares Brandão / 1910–1998), o Tancredo.
Brandão Filho
Apolo Correia (Manoel Tibúrcio de Araújo /1910–1987) era o Trancado.
Apolo Correia
E Ema D’Ávila (1918–1985) a Xandoca.
Ema D’Ávila
Em 1954, Brandão Filho deixou a Rádio Nacional e Zé Trindade (Milton da Silva Bittencourt /1915–1990) assumiu o papel de Tancredo.
Zé Trindade
Acostumada com sesu programas de auditório, a Rádio Nacional quase não aceitou fazer o programa quando Ghiaroni insistiu fazê-lo em estúdio, sem a presença o público, obviamente. O programa tornou-se um sucesso quase que imediatamente.
Revista do Rádio – 1951
Revista do Rádio – 1951
Tempos depois, foi a vez de Ghiaroni abrir mão de suas convicções e o programa passou a ser exibido no auditório para alegria daqueles que o frequentavam.