O “cacos” de Amândio

Amândio

Caco é um termo utilizado no meio artístico, sinônimo de improviso. Pôr um caco significa que o ator ou atriz improvisa uma fala (ou, às vezes, uma ação inteira) que não estava prevista no roteiro original.
Em humor e comédia é muito comum a criação de um caco. Ronald Golias, Arnaud Rodrigues, Renato Aragão, Castrinho, Tom Cavalcante são apenas alguns dos comediantes que sempre adoraram pôr um caco em cena.

Quando a televisão ainda era ao vivo, muitas vezes o caco não era apenas uma inspiração momentânea e sim uma necessidade. Ali não dava para vacilar. Se alguma desse errado em cena, o/a comediante deveria ter presença de espírito para consertar na hora.
Amândio Silva Filho era um dos que sabiam improvisar diante de qualquer situação inesperada. 
Em 1957, Amândio e Mário Alimari estrelavam uma série cômica chamada Detetives, na TV Tupi. Numa cena, Alimari deveria servir uma bebida a Amândio, O contrarregra bobeou (ou quis sacanear) e pôs um copo com furo no fundo. Quando Amândio pegou o copo, a bebida começou a escorrer. Ele não teve dúvidas e emendou:
— Copo moderno. Já vem com dosador para mandar uma dose pro santo.

Extremamente míope, Amândio costumava guiar-se apenas pela intuição para seguir as marcas de cena em estúdio quando era obrigado a contracenar sem os óculos. Em geral saía-se bem. Mas nem sempre era assim. Na série Coitado Do Ventura, escrito por Wilson Vaz para a TV Tupi, Amândio deu o desfecho da piada olhando para o lado em vez de olhar para a câmera. O colega, em cena, tentou corrigir a falha
— Ventura, você não deveria dizer isso olhando para aquela lente?
E Amândio, sem ficar numa saia justa, saiu-se com esta:
— Eu olharia de bom grado para as lentes da câmera se o diretor me deixasse usar as minhas. 

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