Adoráveis Trapalhões
TV Excelsior – de Outubro/1966 a Maio/1967
Em Agosto de 1965, a TV Record de São Paulo havia estreado o programa Jovem Guarda, nas tardes de domingo, sob o comando de Roberto Carlos. Com o sucesso daquele programa, a TV Excelsior resolveu combater a concorrente utilizando-se da mesma fórmula: um programa aos domingos, feito para jovens, apresentado por Wanderley Cardoso, que estava estourado nas paradas de sucesso com a música O Bom Rapaz.
Surgia, assim, em Março de 1966 o Excelsior a Go-Go.
Porém, Wanderley ficou pouquíssimo tempo à frente do Excelsior a Go-Go, que passaria o comando a Jerry Adriani e Luiz Aguiar.
Para Wanderley estava reservado um programa noturno, às quintas-feiras. De início, ele dividiu com a cantora Rosemary a apresentação de Juventude e Ternura. Mas, apesar da fama dos dois, o programa não deslanchou.
Coube ao diretor Wilton Franco (1930–2012) encontrar uma fórmula para utilizar Wanderley Cardoso e toda a sua fama.
Segundo o livro Os Adoráveis Trapalhões, de Luís Joly e Paulo Franco, Wilton considerava que um programa de 60 minutos era tempo demais para ser apresentado por uma dupla de cantores. Era preciso dividir a responsabilidade e ampliar as possibilidades. Pensou-se, então, em Ted Boy Marino (Mário Marino 1939–2012), calabrês criado na Argentina, lutador de luta-livre. Ted Boy Marino era ídolo do Tele-Catch da TV Excelsior.
À dupla, Wilton juntou o ator, comediante e cantor Ivon Cury (1928–1995).
Era preciso encontrar alguém que pudesse dar a tônica do humor. Depois de rejeitar a ideia de se trazer Costinha – muito por causa da censura que já era implacável naquela época – Wilton optou por buscar um comediante mais novo. A escolha recaiu sobre Renato Aragão, que já fazia sucesso na TV Tupi.
A fórmula era simples: Wanderley o galã/cantor; Ivon o cantor/ponderado; Ted Boy, o bom de briga e Renato, o palhaço do quarteto.O texto ficaria por conta de Emanoel Rodrigues em parceria com o próprio Renato Aragão. Depois muita discussão, surgiu quase sem querer o nome do quarteto: Adoráveis Trapalhões.
O programa estreou em Setembro/1966. Era feito ao vivo duas vezes por semana. Às terças no Rio; quintas, São Paulo. Em duas ou três semanas o programa já era sucesso no Rio, São Paulo, Pernambuco, Bahia, Minas e Rio Grande do Sul.
Em Março/1967 aconteceria a primeira alteração. Ted Boy Marino iria para a TV Globo, que havia adquirido os direitos do Telecatch Montilla.
Wilton agiu rápido e buscou uma solução até então impensável: um toque feminino na quarteto. E esse toque tinha um nome: Vanusa.
Vanusa (Vanusa Santos Flores) vinha se apresentando no Jovem Guarda, da TV Record, e com a música Pra Nunca Mais Chorar nas paradas de sucesso.
Assim, a loiríssima Vanusa substituiu o loiríssimo Ted boy Marino inclusive nas famosas lutas, que eram comuns nas aventuras do quarteto.
O programa manteve-se no ar até Maio/1967, mas com a saída de Renato Aragão, contratado pela TV Record, não havia mais por que mantê-lo.
Aragão levaria ainda mais dois comediantes que costumavam atuar em Adoráveis Trapalhões: seu amigo, palhaço de circo, Dedé (Manfried Sant’Anna) e o ex-programador da TV Excelsior Roberto Guilherme (que depois viria a ser o Sargento Pincel em Os Trapalhões).
Chegava ao fim o cicio dos Adoráveis Trapalhões, mas todos nós sabemos que estava para se iniciar outro ciclo, muito mais duradouro, apenas sem o termo “adoráveis”.